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Os pistoleiros Parte II O passado



Há muito tempo atrás a pequena cidade de Santa Sé era um lugarejo calmo para se viver, as famílias trabalhavam a maioria nas roças de um próspero fazendeiro ex-militar que gostava de ser chamado pela patente que o aposentou ele se chamava Ernesto Pires, mas gostava de ser chamado de Coronel Pires esse malfadado senhor pagava o que queria aos trabalhadores ou seja nada, eles trabalhavam em troca do alimento que ele vendia em seu armazém e dívida nunca acabava por isso estavam sempre em uma terrível situação, então como se por milagre ou ironia do destino, se é que pode se chamar assim chegou uma nova família em Santa Sé, eles eram diferentes de todos por ali o pai era um homem alto e usava um chapéu de abas largas, tinha um bigode preto, a mulher era loura de olhos castanhos tinha um jeito manso e um sorriso largo que encantava a todos, tinham também dois filhos o que parecia ser o mais velho devia ter uns quinze pra dezesseis anos, era magro e tinha os olhos da mãe e a aparência seria do pai, já a menina era igual a mãe em tudo, pois bem eles eram uma família diferente o pai havia ganhado um dinheiro e não estavam em Santa Sé para serem empregados do Coronel, não, compraram uma fazenda  e a mais cobiçada pelo Coronel a de um homem que lhe fazia oposição sempre que o fazendeiro lançava seus candidatos e obrigava seus empregados a votarem nele nas eleições, a família comprou a fazenda do Senhor Liborio Assunção.
Os Benevido como se chamavam eram quatro o pai Alonso Benevido, a mãe Susan Benevido e as crianças Edgard Benevido mas conhecido como Ed e a irmã Clara Benevido, a caçula, tinham modos diferentes do povo da cidade e as pessoas gostavam deles, o Coronel Pires foi o primeiro a lhes fazer uma visita, o menino Ed não gostou dele, era um homem com cara de mau, tinha uma enorme barba e tufos de cabelo que pareciam lhe saltar das orelhas, mas o que deixou Ed apavorado era o olhar cobiçoso que ele tinha de alguém capaz de tudo pelos seus objetivos a conversa foi curta:
- Boas tardes, a que devo a honra de sua visita Coronel?-
O homem tirou o chapéu e sentou numa cadeira oferecida a ele na varanda, Alonso Benevido sentou ao seu lado, puxou o cachimbo do bolso da calça e acendeu:
- Pois bem eu sei que vosmecê comprou a fazenda Assunção há poucos dia, essa terra aqui não vale mas nem pra pasto, quero lhe fazer uma proposta melhor!
Alonso calmamente pitava o cachimbo, enquanto isso Clara brincava de bonecas e o esperto Ed observava escondido atrás da varanda do lado de fora:
- Olhe Coronel não me leve a mal mas eu sempre quis ter um pedaço de chão, sonhei com isso minha vida inteira e não posso nem quero de jeito nenhum vender nem fazer negócios com a minha fazenda, espero que o senhor possa me compreender!
O Coronel fitou-o impassível, mas Ed percebeu que ele não desistiria tão fácil, bateu as mãos nos olhos e se levantou:
- Certo , se prefere do modo mais difícil!-
Alonso Benevido quase engasgou com o cachimbo:
- Como disse?
- Digo que essas terras são amaldiçoadas com o dinheiro que lhe pagarei pode comprar uma bela casa em Bonança uma linda e próspera cidade perto da capital!-
Alonso ouvira histórias sobre Bonança realmente era uma cidade mais desenvolvida mas gostava de sítio  e sabia por alto das intimidações do Coronel ele não ia se dobrar a vontade daquele homem:
-   Não senhor Coronel, não vendo e passar bem!
- Então faça a sua vontade!-

Alonso Benevido não sabia que com aquela negativa estava selando o destino dele e de sua família.
Os Benevido eram bem quistos na pequena Santa Sé sua fazenda começou prosperar e tiveram que contratar alguns empregados o que não agradou em nada o Coronel, Alonso conheceu Henrique Dumont um homem que já fora capataz do Coronel Pires e com ele fez amizade contratando o entre outros que também chamou para ajudar a arar a terra e plantar além de tudo pagava um salário justo aos trabalhadores de sua fazenda que se chamava Nova Canaã, isso irritou ainda mais o Coronel. Ed pegou amizade com o filho de Henrique e os dois andavam pra cima e pra baixo aprontando mil travessuras, o nome do menino era Afonso e amizade dos dois era tão grande que os dois se chamavam de primos.
Um dia Ed estava chegando em casa depois de passar um dia inteiro na casa do amigo quando chegou viu que haviam cavalos na parte da frente da casa na varanda onde o pai costumava ficar fumando seu cachimbo, entrou sorrateiramente pelos fundos e quando olhou na cozinha viu o corpo de sua mãe caído, um homem saia de cima dela e vestia as calças a mãe o viu ele ficou em silêncio escondido e viu aquele homem dar dois tiros na cabeça dela, tentou gritar mas a voz não saiu, correu para o quarto e viu a irmãzinha caída e ensanguentada com o urso que ela adorava, mais dois homens bebiam e riam na cozinha e ao chegar no quarto viu uma cena que nunca lhe saia da memória o pai enforcado, o corpo pendurado numa corda ao virar parecia que sorria pra ele.

“ O estranho suava frio, os pesadelos, a casa os anos fugindo, quando correu pela estrada ainda com medo que os assassinos de sua família estivessem em seu encalço, na estrada ouviu barulho de cavalos tentou correr, mas uma mão o puxou pra cima do cavalo, ele mordeu instintivamente e o homem gritou:
- Calma não vou te machucar bichinho!- Ao olhar pra cima viu um homem de chapéu engraçado de couro, que usava um tapa olho :
- Calma vice, oxe bichinho tu ta perdido dos pais?
- Não tenho pais!-
O homem olhou aturdido com a resposta e viu que ele olhava para a fazenda distante:
- Mortos todos eles, homens cavalos!
- Sim, sim essa cidade e maldita, vosmecê vem comigo e meus homens e nada vai lhe acontecer contigo vice?-
E foi assim que Ed foi adotado pelos cangaceiros do bando de um dos mais cruéis bandidos que assolavam a região, o bando de Tridente do Cão apelido de Zé Virgílio um dos mais sanguinários cangaceiros que já se conheceu.”

Fim da parte II

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