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Cordão umbilical

Cordão umbilical

Marina era uma moça muito recatada, vivia sozinha depois da morte dos pais prematuramente em um acidente de carro, morou um tempo com uma tia  solteirona e depois conseguiu sua independência financeira trabalhando e estudando conseguiu uma bolsa de estudo na universidade, mas não conseguia um relacionamento sério com ninguém. Sua casa era afastada num bairro de periferia, pegava ônibus pro trabalho depois quase não tinha tempo de ir para a escola era muito complicado, não tinha amigos, era muito aplicada nos estudos mas meio apática em relações com os colegas, uma noite por muita insistência de uma das poucas colegas de trabalho (era atendente de telemarketing) foi a uma festa, no início meio tímida ficou apenas bebericando alguns daiquiris  e batidas quando percebeu que um rapaz se aproximava, era alto e pálido tinha uma aparência de quem curtia rock pesado tipo heavy metal, os cabelos longos e negros, as sombrancelhas grandes e mal feitas, ele a convidou para dançar:
- Gosta de dançar?
Tocava uma música romântica Crazy For you da Madonna, eles dançaram rosto a rosto e ela olhou em seus olhos e de repente sentiu algo estranho, quando acordou sentia dores no pescoço e já era o dia seguinte, estava deitada em uma cama, era a sua?
Não era de uma casa enorme e desconhecida, será possível? Ela “apagou” na festa e fora parar ali na casa do rapaz, na cama dele? Olhou por baixo dos lençóis e viu que estava nua, suas roupas estavam jogadas pelo quarto se apressou em vestir-se e saiu correndo daquele lugar.
Era mesmo um motel tudo estava pago, passou rapidamente pela recepção envergonhada ainda sem entender o que se passara, será que o rapaz colocou algo em sua bebida?
Marina foi direto pra casa, passou pelas pessoas com a cabeça baixa, os cabelos negros escondendo os olhos e foi dormir, naquele dia sentiu-se mal  teve febre, e ao acordar no dia seguinte ao ver alguns raios de sol entrando pela janela sentiu que eles a queimavam feito fogo.
Foi escovar os dentes e quase caiu pra trás não conseguiu ver seu reflexo no espelho:
- Só posso estar sonhando ou ficando louca!-
Se arrumou e foi para o trabalho, esteve sonolenta o dia inteiro, chegou em casa praticamente se arrastando e vomitou o pouco que conseguiu comer no almoço, a noite tinha insônia e de dia só queria dormir, enjoos frequentes, cada vez mais pálida e magra resolveu procurar um médico para verificar o que tinha.
Não conseguia mais andar a luz do sol sem uma sombrinha para se proteger ou sem óculos escuros, os mínimos raios do em sua pele faziam queimaduras, o doutor a examinou e teve uma surpresa ao descobrir pelos exames algo que mudaria sua vida:
- Parabéns você está grávida!- Marina quase caiu pra trás com a revelação:
- Não pode ser!- Mas ela sabia que os sintomas eram de gravidez, chegou em casa ainda assustada queria ver a barriga no espelho mas não conseguiu ver seu reflexo:
- Maldito sujeito, praticamente filho de um estupro, pois eu nem me lembro do que aconteceu, não vou ter esse filho de jeito nenhum!-
Então naquela noite ela saiu de casa com uma decisão em mente:
- Vou acabar de uma vez com isso!-
Subiu em um viaduto olhou para o movimento dos carros lá embaixo e pulou; um rapaz viu tudo tentou impedir mas foi tarde demais.

Ouviu vozes, pessoas gritando, sentia que alguém a puxava, “ morri de uma vez o outro lado é assim”?
Marina estava em um leito de hospital, muito machucada mas viva, quando abriu os olhos viu um rapaz quase cochilando ao seu lado:
- Mas quem é você? Onde estou?- O rapaz era meio corcunda, jovem com ar de aparvalhado, tinha as sobrancelhas grossas, ele vira Marina se jogar tentou impedir mas era tarde demais, seu nome era Mauro, mas o chamavam de Corcundinha na escola e no trabalho ele vivia de catar papelão nas ruas, como fora o único que vira tudo se prontificou a acompanhar a moça ao hospital:
- Como vim parar aqui?- Você caiu da ponte eu te trouxe pro hospital tem que fazer uns exames!- Marina olhou profundamente para os olhos dele e disse:
- Leve-me daqui agora!-Sim!-
Com os olhos vidrados o corcunda obedeceu os dois saíram do hospital escondidos, ele a vestiu e ao chegarem a cada de Marina, Mauro sentiu um calafrio, estava meio que enfeitiçado quando fez todo aquele percurso e agora se dava conta de que essa moça tinha algo especial e olhos lindos, poderia servir suas vontades a vida inteira e foi o que fez.
Nos meses seguintes Marina pesquisou no Google sobre vampiros e outras lendas, tinha uma marca de dentes no pescoço e ia trabalhar de cachecol, pediu afastamento da empresa e da faculdade, não via mais ninguém a não ser o corcundinha que todos os dias trazia algo pra ela comer, aliás seu apetite era cada vez maior e a “coisa” em seu ventre se mexia com intensidade quando a comida chegava ainda quente nas mãos de Mauro.
Seu apetite por sangue fora descoberto quando se alimentou de um gato pela primeira vez, o animalzinho andava pelo quintal e a sede se apossou dela, a principio pensou que fosse um desejo de grávida mas a coisa era mais complexa do que podia imaginar e chamou o bichano, Mauro estava chegando quando viu ela com a boca cheia de sangue jogar o animal morto no lixo:
- Traga-me mais desses, agora tenho fome!- Prontamente ele obedeceu, mas a fome dela era insaciável e ele passou a trazer presas maiores, até que um dia avistou um mendigo, pegou a faca que usava sempre e se aproximou o pobre homem dormia e ele cortou sua garganta de leve, bateu nele e o colocou em seu carrinho cobrindo com uma lona:
- A mestra vai adorar!
Marina se refestelou com o banquete e assim sua vida como vampira começou.
Os meses foram passando o ritual todos os dias, mais e mais pessoas desaparecendo e naquela sinistra casa dos horrores a morte andava lado a lado com Marina e Mauro, o corcundinha adorava ajudar a alimentar a mãe e o bebê, numa noite houve uma tempestade, Marina sentiu uma terrível dor e gritou pelo Corcundinha, ele chegou capengando como sempre:
- O que houve?
- Está chegando a hora seu imbecil, não fique aí parado!-
Marina tinha um aspecto horrível, há muito deixara de ser um ser humano estava pálida e os olhos com profundas olheiras a barriga enorme mas inchada os cabelos negros estavam sebosos e escorriam pelo rosto feito uma água lamacenta; não conseguia andar direito o “monstrinho” como ela o chamava estava comendo sua carne por dentro absorvendo o que restava de humanidade nela, sentia dores como se dentes a mordessem furiosamente:
- Leve-me para o porão agora idiota!
- Sim mestra!-
O corcundinha com dificuldade a carregou até o porão da casa, lá ele a deitou em um colchão velho, não sabia o que fazer pois nunca tinha feito um parto na vida:
- Faça força mestra, segure a minha mão, abra as pernas e faça força!

Marina gritou, fez força os dentes mordendo suas entranhas e finalmente Mauro viu a cabeça do bebê não tinha sangue algum apenas algo como se fosse lodo saindo dele, tentou cortar o cordão umbilical e ele não se mexeu:
- Mas como?!- Marina sorriu amargamente:
- Não é um bebê comum você deve saber disso, é o preço que paguei por esse monstro que não pedi e pelas vidas que nós ceifamos!-

Assim todos os dias se cumpriu o ritual a casa servia de morada para a cria de um demônio, o corcundinha continuou matando e levando as presas para a mãe vampira e o bebê monstro alimentados através do cordão que os unia, Mauro comprou um caixão e lá abrigou os dois levava Marina para a janela para ver a vida lá fora e não desconfiassem de que ela morrera a partir do momento em que engravidara de um vampiro.
Fim
27/06/18























Comentários

  1. Nossa, coitada da Marina, foi se divertir um pouco e acabou virando uma vampira. Virou uma morta-viva praticamente. O que será que vai acontecer com o bebê e o corcundinha daqui pra frente? Muito legal seu texto, tem um ar gótico bem marcante.

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    1. Muito obrigado pelo comentário o estilo suspense e terror me fascina mas também escrevo muita poesia mais uma vez agradeço abraço

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  2. História interessante, mas vampiro não é mortal, seria interessante colocar mais detalhes, não pular muito as cenas. Ex. Ela esta em uma balada e do nada aparece na casa Grande? Percebeu que em nenhum momento a amiga dela apareceu depois do ocorrido... Mas enfim, legal gostei da história!

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  3. Sabe que eu ate que gostei... kkkkk Lição meu dura para alguém que nunca tinha saído de casa coitada. mas convenhamos que ela também não estava vivendo de verdade. Continue a historia ficou bem legal.

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    Respostas
    1. E meio forte inspirada em Drácula um pouco o Renfield dela e o corcundinha

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  4. Gente, confesso que me lembrei de Amanhecer rs. Pena que o final de Marina não foi feliz que nem o da Bela.
    Fiquei com pena da pobre moça. Mal saia e quando resolveu viver um pouco, foi pega por um vampiro. Fiquei esperando o momento dele voltar, pra ver se foi de propósito, mas acho que não rs
    Muito bom o texto e a pegada de terror. Parabéns.
    https://almde50tons.wordpress.com

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